sábado, 5 de fevereiro de 2005
Sem cera*
Não me quiseram
sem cera
(faz falta um acabamento adequado)
sem meias-palavras,
sem meias-medidas,
inteira
não me quiseram.
Se eu não quis
entrar na fôrma
assumo que
fiquei disforme
(mais borrão que padrão).
Se eu não quis
dançar
conforme a música
foi só pelo desejo
de coreografar
a minha vida
pelas batidas
do meu próprio tambor.
(Eu ouço a melodia do meu corpo).
Se eu quis
a contramão,
o contra-senso
a contradição
foi só pra viver sem cera.
Sincera,
não me quiseram.
Sandra R. S. Baldessin
* À flor do verso, 2001.
Imagem: Outras de mim. Série autofotográfica. Edição através do programa Photo Impression 5.1; fevereiro de 2005.
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9 comentários:
Têm pessoas que não nos aceitam do jeitinho que somos.... que pena!
Belo poema, Sandra!!
obrigada, amiga!
Lindo! Linda!
Sandra querida poeta
Uma forma de dizer o que muitos chamariam de indizível --- como soubeste bem fazer o 'serviço'!!!!! Bravo!! O que me deixa a pensar que não és só tu [como de fato, sabes] a pessoa que opta por não se esgueirar no fundo de si mesma -- e sair para aparecer ao mundo [e ser aceita] como sombra.
Tens uma fã, aqui
Beijos,
Elpoeta
Obrigada, Joze.
Querida Eliana, como eu já lhe disse outras vezes, as suas apreciações ao meu trabalho me fazem feliz, afinal, você é uma referência poética, e não apenas aqui no multiply. É como se o mestre elogiasse o aprendiz.
Meu carinho para você.
Sandra, encaixei-me, aninhei-me no seu texto!
O preco de ser sem cera e alto! suely
tem razão, Suely, mas tem lá suas compensações, não es verdad?
Fiquei boquiaberta com este poema, Sandra.
Abençoado momento que lhe deu esta inspiração.
Ainda que possa ter sido um momento não muito feliz.
bjs.
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