segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Mahura - a lenda da menina trabalhadeira


Description:
Este é um belo mito africano, que gosto muito de contar. Vamos brincar de faz-de-conta que estamos numa roda, em torno de uma fogueira, tecendo as lembranças de uma vida que já vivemos.

Ingredients:
Um dia, numa tribo distante, em tempos remotos lá na África, um grupo de crianças perguntou ao velho e sábio sacerdote o porque de o céu ser tão belo e estar tão longe da terra. O sacerdote em sua sublime sabedoria contou-lhes uma história que é mais ou menos assim: “Quando Deus criou o universo, o céu e a terra viviam juntos e em perfeita harmonia. As nuvens brincavam no chão junto às pedras. O vento divertia-se pregando peças nas folhas das palmeiras que dançavam ao som da brisa suave. As gotas de chuva misturavam-se às águas das cachoeiras e quase não se percebia a diferença entre os elementos do céu e os da terra. Essa harmonia perfeita durou muito tempo.
Um dia a terra resolveu que havia chegado a hora de ter um filho, pois sendo a terra era a geradora da vida. E a terra teve uma filha a qual deu o nome de MAHURA (que significa aquela que trabalha). Mahura cresceu depressa e como seu nome dizia era muito trabalhadeira.
Durante o dia, Mahura cuidava dos ciclos da natureza e, à noite, ao invés de descansar sentava-se ao chão perto de um enorme pilão onde passava a triturar raízes, sementes e cascas. O pilão era mágico e quanto mais era usado, mais crescia. Mahura usava uma enorme mão-de-pilão para triturar as raízes e cada vez mais utilizava força para bater.
Com isso começou a machucar o céu que a princípio gemia baixinho mas, depois não suportando as dores causadas pela mão-de-pilão de Mahura, passou a reclamar. Mahura apenas dizia: Céu, sobe só um pouquinho... Com isso o céu foi se distanciando cada vez mais chegando ao ponto de as nuvens não alcançarem mais o chão para brincar nem as gotas de chuva conseguiam mais molhar o solo que foi enfraquecendo e empobrecendo. Só então a pequena Mahura se deu conta do que havia feito e decidiu pedir desculpas ao céu para que ele voltasse.
Procurando um presente a menina retirou do leito de um rio que teimava em correr uma pepita dourada à qual deu o nome de sol. Do fundo de uma caverna escura retirou uma pedra branca e reluzente à qual deu o nome de lua. Atirou os presentes bem para o alto, um de cada lado do céu como pedido de desculpas. O céu aceitou os presentes, mas decidiu ficar lá no alto, pois era mais seguro.
Se vocês pensam que essa é apenas uma história, hoje à noite olhem para o céu. As estrelas que verão, brilhando, nada mais são do que as cicatrizes deixadas pelo pilão de Mahura.
Assim o velho sábio terminou sua história.



Directions:
Lenda adaptada pelo grupo "Recreação Infantil"

imagem: Noche estellada. Vincent Van Gogh. Disponível em: www.arteycultura.zumodelimon.com