domingo, 16 de dezembro de 2012

Vivência Literária

Foto tirada na Estação Ferroviária de Rio Claro, durante a programação do Caminhos da Leitura. Fiz a Vivência Literária com um conto da Clarissa Pinkola Estés, do livro "O jardineiro que tinha fé". 

Compartilhando histórias e reencantando a vida

Natal com Histórias 2012

Os Amigos da Leitura estiveram realizando o Natal com Histórias, segunda edição, no bairro Terra Nova. Foi uma grande festa da leitura, realizada no sábado, 15/12/2012.

Roda de histórias com adolescentes. Eu contei "A ilha do tesouro"

Liege - Amiga da Leitura - contando histórias com o tubo mágico





terça-feira, 11 de dezembro de 2012

L' Antruido de las palabras





L ANTRUIDO DE LAS PALABRAS 

Las palabras agárran-se a las cousas i al tiempo 
Bénen de tan longe cargadas de bida i sentido 
Que solo se deixan conhecer por música. 
Screbir ye poner un maçcarilha que las sconde 
 I las deixa a drumir asperando quien las diga 

Hai palavras culas alas de l sentido cortadas 
E quando las dezimos nun son capazes de bolar 
Nien nós las entendemos 
Porque andamos culhas ne l bolso 
Como cachico de bida que quedou agarrado a um retrato. 

Las palabras ténen bilhete d'eidentidade 
I certidón de nacimiento: 
Hai que antrar an casa deilhas ua por ua 
Çcubrir l que tén andrento 
I stendé-las a la jinela cumo mantas an manhana de San Juan. 


O DESFILE DAS PALAVRAS 

As palavras agarram-se às coisas e ao tempo 
Vêm de tão longe carregadas de vida e de sentido 
Que só se deixam conhecer por música. 
Escrever é pôr uma máscara que as esconde 
E as deixa a dormir esperando quem as diga. 
Há palavras com as asas do sentido cortadas 
E quando as dizemos não somos capazes de voar 
Nem nós as entendemos 
Porque andamos com elas no bolso 
Como cachico de vida que ficou agarrado ao retrato. 
As palavras têm bilhete de identidade 
E certidão de nascimento 
Há que entrar em casa delas uma por uma 
Descobrir o que têm dentro 
E estendê-las à janela como mantas em manhã de São João.

 
*  Do livro "Cebadeiros", da autoria de Francisco Niebro. Porto: Campo das Letras, 2002

O poema está escrito em Mirandês, dialeto do nordeste de Portugal.  A tradução é de João Ferreira.

A máquina do mundo entreaberta

L'Art Machine, de Jonathan Talbot

Empresto de Carlos Drummond de Andrade o verso que dá título a essa crônica, relembrando que, em 2000, a Máquina do Mundo foi eleito o melhor poema brasileiro de todos os tempos. Bem, com essa afirmação tão definitiva não concordo, penso que nem Drummond concordaria, já que coloca ponto final na possibilidade criativa de todos os poetas contemporâneos e dos que virão.
Lembrei-me dos versos, e do poema, ao ouvir a frase mais triste que alguém pode dizer, e que está se tornando corriqueira: nada mais me surpreende. Dita por uma pessoa jovem, a frase se revela mais chocante, pois expõe amargura e decepção em relação à vida
Se um defunto falasse, ele sim estaria autorizado a emitir essa contundente declaração, verdadeira apenas para quem já interpretou a última cena e viu a cortina do teatro fechar-se para sempre. Mas, para qualquer um que siga entre os vivos, a máquina do mundo - metáfora da experiência e do devir – permanece entreaberta.
A decisão de aceitar ou não a oferta da máquina nos pertence. Ou optamos por olhar a vida com olhos recém-nascidos, ou adotamos os óculos da indiferença, a capa das pseudocertezas e seguimos a jornada, afirmando que nada mais nos surpreende. 
No poema citado, a postura do eu - poético de Drummond é a do desengano; suas “pupilas gastas” não são afetadas pela beleza, suas “mãos pensas” já não são suficientes para comportar mais conhecimento. E, aqui, nos ilumina o segredo do poema: Drummond falava dos homens de seu tempo, homens que abortaram qualquer possibilidade de surpreender-se, preferindo a “treva mais estrita de uma estrada pedregosa”. 
Oro para que jamais chegue o dia em que me falte o espanto essencial. Peço que minhas pupilas sejam afiadas diariamente pela luz da beleza que extravasa da cena mais banal, pela delicadeza dos gestos mais corriqueiros, pelos cães vira-latas e pelas cores desprezadas das flores que brotam espontaneamente. 
Não surpreender-se é abrir mão da humanidade. É ignorar que o próprio Deus, para alentar a chama da Sua esperança no homem que criou, embrulha surpresas e alegrias no mais sensível pacote que alguém pode receber: o corpinho de um bebê. 
O caminho é de pedras, a hora é a hora do medo, os seres humanos continuam tão desumanos como sempre. Se nem o bem, tampouco o mal já nos surpreendem, então já não é possível sonhar mudanças. 
Mas, se em algum lugar do planeta há alguém boquiaberto diante da máquina do mundo entreaberta, viva! Talvez, nem tudo esteja perdido, diante da surpresa e do imprevisto, vamos responder com a “esperança mais mínima — esse anelo/de ver desvanecida a treva espessa/ que entre os raios do sol inda se filtra...”

Sandra Baldessin

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Aprendizagem da Alegria


          
Fonte: www.esmas.com

          Alegria. Essa talvez seja a mais bela palavra registrada no dicionário. Mas a plenitude do seu significado só pode ser traduzida por um poema, pela risada sonora de uma criança, pela delícia do vento, dedilhando uma canção na folhagem das árvores.
Mas, é, também, algo cada vez mais raro em nossa sociedade. Isso porque o estilo de vida consumista que adotamos tem comprometido a nossa capacidade de senti-la. As coisas simples, amigas da alegria, já não nos cativam. O que atiça o nosso desejo tem preço, mas não tem poder para nos manter satisfeitos.
Aliás, a função da sociedade de consumo e do mercado é manter-nos em estado de permanente insatisfação, oferecendo pequenas doses de prazer, contidas em objetos que prometem e não cumprem. Fica sempre faltando alguma coisa.
E falta mesmo, porque a alegria não cabe nas sacolas das lojas de grife, a alegria não se sujeita à última moda, nem faz parceria com os prazeres que nos consomem, enquanto, tolos, acreditamos que nós é que estamos desfrutando deles.
Vale lembrar, ainda, que o vício do prazer bloqueia o caminho de acesso à alegria, já que são experiências completamente diferenciadas. O prazer é bicho exigente, que vive com a boca escancarada, pedindo mais. A alegria, ao contrário, é a flor da completude, seu perfume e beleza preenchem de tal forma o coração humano que tornam supérfluos quaisquer complementos.
O escritor alemão, Goethe, disse que tanto o desgosto como a alegria dependem mais do que somos do que daquilo que nos acontece. Concordo com ele, pois tenho conhecido pessoas que vivem situações de extrema adversidade sem, contudo, perder o dom de alegrar-se.
A alegria é aliada da vida e da fé, como testemunha uma das mais belas páginas literárias contidas no Velho Testamento, no livro de Neemias: “A alegria do Senhor é a nossa força”.
Além disso, a alegria não nos obriga a excessos, não nos fere como o prazer do consumo, que, junto com a satisfação de adquirir um objeto, nos presenteia com a tristeza de abrir mão de outros tantos.
A mera satisfação momentânea, e dependente das circunstâncias, não passa de alegria pirateada, e falsifica a nossa potência de existir. É preciso reaprender a alegria, já que não queremos uma experiência de vida made in china.
Embora se diga que alguns nascem com vocação para a alegria, também é verdade que se trata de um afeto passível de ser aprendido. Que a aprendizagem da alegria se torne uma possibilidade.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Recomeços

Retomo, hoje, o blogue Letramorfoses, criado originalmente na primeira rede social à qual ingressei, em 2003: o Multiply. No contexto do Mult fiz amigos que me acompanham faz uma década. Alguns saíram do plano virtual e entraram na minha vida real, embora nestes tempos seja cada vez mais difícil distinguir entre realidade e virtualidade. Ao importar o blogue do seu "berço" revivi momentos da minha criação literária, e espero que essa retomada implique, também, num resgate de estar poeta.