Fonte: www.esmas.com |
Alegria.
Essa talvez seja a mais bela palavra registrada no dicionário. Mas a plenitude
do seu significado só pode ser traduzida por um poema, pela risada sonora de
uma criança, pela delícia do vento, dedilhando uma canção na folhagem das
árvores.
Mas, é, também, algo cada
vez mais raro em nossa sociedade. Isso porque o estilo de vida consumista que
adotamos tem comprometido a nossa capacidade de senti-la. As coisas simples,
amigas da alegria, já não nos cativam. O que atiça o nosso desejo tem preço,
mas não tem poder para nos manter satisfeitos.
Aliás, a função da sociedade
de consumo e do mercado é manter-nos em estado de permanente insatisfação,
oferecendo pequenas doses de prazer, contidas em objetos que prometem e não
cumprem. Fica sempre faltando alguma coisa.
E falta mesmo, porque a
alegria não cabe nas sacolas das lojas de grife, a alegria não se sujeita à
última moda, nem faz parceria com os prazeres que nos consomem, enquanto,
tolos, acreditamos que nós é que estamos desfrutando deles.
Vale lembrar, ainda, que o
vício do prazer bloqueia o caminho de acesso à alegria, já que são experiências
completamente diferenciadas. O prazer é bicho exigente, que vive com a boca
escancarada, pedindo mais. A alegria, ao contrário, é a flor da completude, seu
perfume e beleza preenchem de tal forma o coração humano que tornam supérfluos
quaisquer complementos.
O escritor alemão, Goethe,
disse que tanto o desgosto como a alegria dependem mais do que somos do que
daquilo que nos acontece. Concordo com ele, pois tenho conhecido pessoas que
vivem situações de extrema adversidade sem, contudo, perder o dom de
alegrar-se.
A alegria é aliada da vida e
da fé, como testemunha uma das mais belas páginas literárias contidas no Velho
Testamento, no livro de Neemias: “A alegria do Senhor é a nossa força”.
Além disso, a alegria não
nos obriga a excessos, não nos fere como o prazer do consumo, que, junto com a
satisfação de adquirir um objeto, nos presenteia com a tristeza de abrir mão de
outros tantos.
A mera satisfação
momentânea, e dependente das circunstâncias, não passa de alegria pirateada, e
falsifica a nossa potência de existir. É preciso reaprender a alegria, já que
não queremos uma experiência de vida made
in china.
Embora se diga que alguns
nascem com vocação para a alegria, também é verdade que se trata de um afeto
passível de ser aprendido. Que a aprendizagem da alegria se torne uma
possibilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário