segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Aprendizagem da Alegria


          
Fonte: www.esmas.com

          Alegria. Essa talvez seja a mais bela palavra registrada no dicionário. Mas a plenitude do seu significado só pode ser traduzida por um poema, pela risada sonora de uma criança, pela delícia do vento, dedilhando uma canção na folhagem das árvores.
Mas, é, também, algo cada vez mais raro em nossa sociedade. Isso porque o estilo de vida consumista que adotamos tem comprometido a nossa capacidade de senti-la. As coisas simples, amigas da alegria, já não nos cativam. O que atiça o nosso desejo tem preço, mas não tem poder para nos manter satisfeitos.
Aliás, a função da sociedade de consumo e do mercado é manter-nos em estado de permanente insatisfação, oferecendo pequenas doses de prazer, contidas em objetos que prometem e não cumprem. Fica sempre faltando alguma coisa.
E falta mesmo, porque a alegria não cabe nas sacolas das lojas de grife, a alegria não se sujeita à última moda, nem faz parceria com os prazeres que nos consomem, enquanto, tolos, acreditamos que nós é que estamos desfrutando deles.
Vale lembrar, ainda, que o vício do prazer bloqueia o caminho de acesso à alegria, já que são experiências completamente diferenciadas. O prazer é bicho exigente, que vive com a boca escancarada, pedindo mais. A alegria, ao contrário, é a flor da completude, seu perfume e beleza preenchem de tal forma o coração humano que tornam supérfluos quaisquer complementos.
O escritor alemão, Goethe, disse que tanto o desgosto como a alegria dependem mais do que somos do que daquilo que nos acontece. Concordo com ele, pois tenho conhecido pessoas que vivem situações de extrema adversidade sem, contudo, perder o dom de alegrar-se.
A alegria é aliada da vida e da fé, como testemunha uma das mais belas páginas literárias contidas no Velho Testamento, no livro de Neemias: “A alegria do Senhor é a nossa força”.
Além disso, a alegria não nos obriga a excessos, não nos fere como o prazer do consumo, que, junto com a satisfação de adquirir um objeto, nos presenteia com a tristeza de abrir mão de outros tantos.
A mera satisfação momentânea, e dependente das circunstâncias, não passa de alegria pirateada, e falsifica a nossa potência de existir. É preciso reaprender a alegria, já que não queremos uma experiência de vida made in china.
Embora se diga que alguns nascem com vocação para a alegria, também é verdade que se trata de um afeto passível de ser aprendido. Que a aprendizagem da alegria se torne uma possibilidade.

Nenhum comentário: