domingo, 13 de fevereiro de 2005

Peixão*


Caiu na rede é peixe. Na época em que eu era mocinha os homens usavam essa expressão para explicar porque se relacionavam com qualquer mulher que mordesse a isca. Não que precisassem de qualquer justificativa, eles eram homens e isso já explicava tudo. Para contextualizar a metáfora, eles nos chamavam de peixões e quase todos os rapazes tinham como hobbie a pesca artesanal: pescavam, mas não comiam. Comer, mesmo, só comiam as piranhas, que, naquela época, se diferenciavam das sereias de família por um detalhe significativo: os favores delas custavam mais barato e ninguém acabava com aliança no dedo, definitivamente fisgado.

* esse texto, embora tenha recebido um "tratamento literário", por assim dizer, é baseado numa das entrevistas realizadas com os velhinhos que participaram do projeto de história oral que analisa a presença feminina no espaço público em Rio Claro/SP. A senhorinha que gravou o depoimento que me inspirou a escrever esse texto é um ser humano maravilhoso, e a publicação fica como um tributo a ela: Dona Cotinha.

Imagem disponível em: http://www.studiobobs.com.br/173_SEREIA_PEDRAS.JPG


6 comentários:

XXXX YYYY disse...

e eles ainda usavam o termo "sereia" quando uma mulher tinha o corpo perfeito....

Sandra Baldessin disse...

obrigada pela visita vana.
besito

CLM LIMA disse...

Oi, Sandra
vou mudar o "Peixão" por "Tesão". Os meninos são assim ( e nós também, com mais discrição!!), mas volta e meia uma simples aventura pode deixar a "rapaziada" "de quatro"... E isso vem acontecendo cada vez mais, pena que algumas garotas e garotos não sentem o quanto isso pode vir a significar p/eles. E só vão se dar conta um tempinho depois. E recorrem a outros "subterfugios", com o fim de ficarem pertos um do outro novamente e quem sabe "rolar o clima" da primeira vez. Os meninos ao longo do tempo estão sentindo, aprendendo e se dando conta de que a coisa pode acontecer diferente... e daí pode surgir um sentimento legal. Depende de ambos os lados. O mais legal de tudo tudo isso é que a liberdade tomou outros rumos, permitindo "zilhões" de chances de a gente ser feliz, basta a gente ser sensível o suficiente para captar isso. A "auto-estima" deve estar bem nivelada e a partir daí tudo corre solto e melhor, para ambas as partes.
.... Que papo cabeça, heim!!!
Até mais e boa semana!
clmascar

Sandra Baldessin disse...

oi Cleide, obrigada por visitar o meu sítio e deixar um comentário. Boa semana para vc também.

Jorge Junior disse...

Linda Sandra legal vc falar sobre isso , meu avô paterno costumava ,referir-se da mesma forma.Muito interessante, e bem diferente dos termos pejorativos que a garotada se refere as mulheres hoje em dia...Beijo

Sandra Baldessin disse...

obrigada pelo comentário e ´pelo carinho, amigo.
besito