Gosto das estrelas. Gosto mais ainda da palavra estrela. A estrela não cabe onde eu possa guardá-la. A estrela-que-se-diz cabe inteira na boca, desliza na língua, alimentada pelo mel da saliva. Se digo: estrela, a noite vaza céu da boca afora e ilumina a imaginação.
Cada estrela me penetra.
Tanta lua extravasando
seu perfume
em minha pele e
a flor da madrugada
brotando em meu jardim...
Sandra R. S. Baldessin
Imagem: La noche estrellada. DRAAL. disponível em: www.uv.es/~ten/a/a2.html
4 comentários:
Você se supera, Sandra.
E é sempre surpreendente.
Isso é de uma beleza indescritível.
Lindo! Quando dizemos uma palavra dizemos algo que não sabemos o que é. O mundo não é nada trivial: um céu estrelado, a lua, o perfume do jardim e a madrugada. Tudo são palavras e tudo é impossível de descrever com palavras. O espanto dos poetas reconhece isto, mas tenta sempre. Às vezes consegue chegar perto do impossível. O teu poema consegue.
Beijos, Felipe
gracías, Joze, eu não consigo superar a beleza intraduzível da vida, mas rendo-me ao impulso irresistível de continuar tentando.
obrigada, querido. vou morrer tentando, tentando no verso o "extremo-tudo", como diria Hilda Hilst.
Postar um comentário