sábado, 12 de fevereiro de 2005

Divagando madrugadas e refletindo estrelas


Gosto das estrelas. Gosto mais ainda da palavra estrela. A estrela não cabe onde eu possa guardá-la. A estrela-que-se-diz cabe inteira na boca, desliza na língua, alimentada pelo mel da saliva. Se digo: estrela, a noite vaza céu da boca afora e ilumina a imaginação.

Cada estrela me penetra.
Tanta lua extravasando
seu perfume
em minha pele e
a flor da madrugada
brotando em meu jardim...

Sandra R. S. Baldessin

Imagem: La noche estrellada. DRAAL. disponível em: www.uv.es/~ten/a/a2.html




4 comentários:

XXXX YYYY disse...

Você se supera, Sandra.
E é sempre surpreendente.
Isso é de uma beleza indescritível.

Felipe Coelho disse...

Lindo! Quando dizemos uma palavra dizemos algo que não sabemos o que é. O mundo não é nada trivial: um céu estrelado, a lua, o perfume do jardim e a madrugada. Tudo são palavras e tudo é impossível de descrever com palavras. O espanto dos poetas reconhece isto, mas tenta sempre. Às vezes consegue chegar perto do impossível. O teu poema consegue.
Beijos, Felipe

Sandra Baldessin disse...

gracías, Joze, eu não consigo superar a beleza intraduzível da vida, mas rendo-me ao impulso irresistível de continuar tentando.

Sandra Baldessin disse...

obrigada, querido. vou morrer tentando, tentando no verso o "extremo-tudo", como diria Hilda Hilst.