domingo, 13 de fevereiro de 2005

Mitos e Lendas dos Kamaiurá


Description:
Os kamaiurá são uma nação indígena que habita o Parque Indígena do Alto do Xingu. A cultura dos Kamaiurá é de uma riqueza ímpar. Seus mitos se dividem da mesma maneira que ocorre a organização do cosmos, em três planos: •Celestial
•Terrestre
•Inferior

Esses planos são representativos de um todo, integrado com a vida regular e cotidiana dos índios, ou seja, a realidade indígena vivenciada no cotidiano desdobra-se nestes três planos interligados.
A história que conto agora para vocês é um mito do Plano Celestial.




Ingredients:
Aravutará - o destino dos mortos

Aravutará tinha um amigo que era seu companheiro inseparável. Eles , pescavam, caçavam, trabalhavam e passeavam juntos. Combinaram entre si que aquele que morresse primeiro deveria ser procurado pelo outro.
Transcorridos alguns dias desta conversa, o amigo de Aravutará adoeceu e acabou morrendo. Conforme haviam combinado, Aravutará saía diariamente em busca do espírito do morto, procurando-o em todos os lugares por eles freqüentados.
Num dia em que houve eclipse, Aravutará saiu novamente em busca do amigo e, finalmente, ouviu o riso dos mama’e (espíritos); entre eles estava o seu amigo.
Todos os mama’e dirigiam-se para a aldeia dos pássaros, onde é travada a batalha entre eles. Aravutará resolveu acompanhar seu amigo para ajudá-lo na batalha, na aldeia dos pássaros.

Durante o caminho, os mama’e passaram por diversas dificuldades, tais como: espinhos, sapos (arutsam) e caranguejos, sendo, sempre, ajudados por Aravutará. Ele os ajudava, pois, os mama’e não podem se ferir, porque, caso se firam e morram, acabam-se de uma vez.
Os mama’e chegam à aldeia dos pássaros, onde tem início a batalha; os mama’e foram morrendo, um após o outro.
Aravutará, então, começou a tocar o seu nhumiatotó (gaita de bambu), tentando fazer com que as aves se afastassem dos mama’e.
Devido ao som produzido pela gaita, as aves realmente se afastaram, porém, em seguida, voltaram ao ataque. Sendo assim, Aravutará decide entrar na batalha e o chefe dos pássaros ordena que eles parem de brigar e se retirem, pois Aravutará os estava matando a todos.
Finda a batalha, os amigos se despedem e Aravutará toma o caminho de volta de sua aldeia, revelando a todos o que acontece quando uma pessoa morre.



Directions:
Fui ao moinho, moí a farinha
quem quiser que conte a sua
pois eu já contei a minha.

imagem: jovens kamaiurá. Foto cedida por uma amiga antropóloga que está me repassando as histórias.


7 comentários:

Pedro Wendl Prasil disse...

uauuuuuuuu sandra!!!!
n para de postar n, continua dividindo isto com a gente...
É um absurdo a gente n conhecer a riqueza cultural dos primeiros povos deste país.
Brigadu por compartilhar.
bjs

Sandra Baldessin disse...

obrigada Pedro, eu vou contando devagarinho...
besito

Pedro Wendl Prasil disse...

rsss, tudo bem, mas conta....pq mesmo que eu n leia aqui, sempre vejo as mensagens na minha caixa postal.
Eu n saco nada de antropologia, mas amo "devorar" tudo o que encontro pela frente, principalmente relacionado à povos nossos.
bjs

Sandra Baldessin disse...

podeixar... é que assim é mais gostoso...rsrsr

Gilberto Uryn disse...

Adorei! Nossos filhos deviam ler isso ao invés de jogarem Pokamón!!! :))

Quero ler mais!!!

Beijos

Sandra Baldessin disse...

vc pensa exatamente como eu, Gilberto, é por isso que estou contando estas histórias e ensinando os professores a contá-las; faz tempo que não atualizo esta coluna, tentarei fazê-lo hoje, com um mito dos Kamaiurás.
besito

Grupo Pérola disse...

Massa sua postagem... Tem alguma indicação de livro?