domingo, 6 de fevereiro de 2005

Pégasus e Andrômeda


Description:
Resolvi transformar esse espaço num cantinho com almofadas e uma enorme colcha de retalhos, lugar de escuta. Bem vindo ao mundo mágico das histórias.

Ingredients:
A primeira história que vou publicar é uma de que gosto muito. Pertence à mitologia grega.


Directions:
Pégasus e Andrômeda

Diz a lenda que muito tempo atrás, num distante país do Oriente, havia um rei chamado Cefeu, casado com a linda rainha Cassiopéia. Tal era a fama de sua beleza, que as pessoas vinham em caravana dos lugares mais remotos apenas para contemplá-la. Com o passar do tempo, a rainha começou a se considerar a mulher mais bonita do mundo. Foi nessa época que cometeu um grande erro. Diante de uma multidão que a aclamava, ousou dizer que era mais bela que as Nereidas. Estas ninfas, para infelicidade da rainha, eram protegidas pelo poderoso deus dos mares — Posêidon —, que ficou irado com a comparação. Num acesso de fúria, ergueu-se das águas segurando o tridente, seu enorme cetro de três pontas, e lançou uma maldição sobre o reino. O nível do mar subiu rapidamente e inundou grande parte do país. Ainda insatisfeito, o deus dos oceanos enviou um monstro marinho para devorar qualquer criatura que se aproximasse do reino pela região costeira.
Os pescadores não se atreviam mais a sair de casa. Os navios estrangeiros que costumavam trazer preciosas mercadorias, não podendo atracar, nem saíam mais de seus portos. E o rei Cefeu foi aconselhado a realizar um sacrifício para aplacar a ira do deus ofendido. A vítima escolhida foi a princesa Andrômeda, sua filha. Deveriam amarrá-la aos rochedos para ser devorada por Cetus, o monstro que aterrorizava a costa. Andrômeda, que além de linda era muito corajosa, resolveu apresentar-se ao sacrifício para salvar o reino. E assim foi amarrada aos rochedos e ficou esperando o monstro.
Enquanto isso, longe dali, um jovem herói cumpria certa profecia. O belo Perseu, filho de Zeus — deus da terra e do céu, que habitava o monte Olimpo — e da princesa Danae, havia recebido três presentes muito especiais: o manto da invisibilidade, sandálias com asas e um escudo de metal, tão polido que mais parecia um espelho. Sua incumbência era matar a Medusa, um monstro em forma de mulher, cujos cabelos eram serpentes vivas. Todos os seres que a Medusa olhava se transformavam imediatamente em pedra. Usando seu manto e voando com as sandálias mágicas, Perseu conseguiu se aproximar da Medusa enquanto esta dormia. Quando ela pressentiu a presença de alguém, despertou, mas viu apenas sua própria imagem refletida no escudo polido do nosso herói. Antes que petrificasse, ele cortou-lhe a cabeça e colocou-a dentro de uma bolsa mágica de couro.
Quando voltava dessa arriscada missão, o jovem encontrou Andrômeda acorrentada nos rochedos e ambos ficaram perdidamente apaixonados. Mas, no exato instante em que eles se olharam, o monstro Cetus apareceu. Foi só então que Perseu se lembrou que trazia consigo a cabeça da Medusa. E não pestanejou. Aproximou-se o mais que pôde e mostrou os olhos petrificantes da Medusa para Cetus, que imediatamente se transformou em pedra e caiu no fundo do oceano. Quando tudo parecia terminado, Perseu aproximou-se de Andrômeda para soltá-la, mas nesse exato instante uma gota de sangue da Medusa, que restara na bolsa, caiu no mar. Posêidon era apaixonado pela Medusa, mas nunca tinha conseguido tocá-la. Esta única gota de sangue em contato com a água provocou um estrondo e uma abundante espuma branca, da qual emergiu um belíssimo cavalo alado chamado Pégaso. E assim, ao ver o filho de sua amada, Posêidon abandonou a idéia de vingança.
Muitas lutas o herói Perseu precisou vencer para chegar à felicidade e casar-se com Andrômeda. E propagou essa vitória ao mundo, mostrando a todos a cabeça decepada da inimiga. Por fim livrou-se dela ofertando-a à deusa Atena, sua protetora.
Segundo a lenda, Pégaso foi recebido no monte Olimpo, morada dos deuses gregos e, tempos depois, transformou-se numa das constelações mais representativas da primavera — estação do ano que começa em 23 de setembro no hemisfério Sul.

(recontada por Walmir Cardoso)


imagem disponível em: http://www.ufrsd.net/staffwww/stefanl/myths/cassiopeia.jpg

8 comentários:

AluiZio Derizans disse...

Obrigado, Sandra

Textos assim são sempre muito, muito bem vindos

Sandra Baldessin disse...

que bom que você gostou, Aluizio!
besito

XXXX YYYY disse...

Ótimo, Sandra, conte-nos outros.
Beijão

Sandra Baldessin disse...

vou contar, sim, Fred, eu gosto desse ofício.

XXXX YYYY disse...

Oba, adoro "ouvir" histórias.
Obrigada, Sandra.
bjs.

Sandra Baldessin disse...

obrigada, flor-de-nyx

XXXX YYYY disse...

Essas fábulas fabulosas são um excelente instrumento para interpretação e compreensão desta grande viagem que é a vida.
Adorei!

Sandra Baldessin disse...

fico feliz que tenha gostado Joze, e você tem razão: a fábula é um instrumento de interpretação. Vá se achegando, olha aqui, tem uma almofada pra você...rsrs