quinta-feira, 7 de outubro de 2004

Fanatismo - Florbela Espanca

Rating:★★★★★
Category:Other

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!..."


O soneto Fanatismo, de Florbela Espanca, mereceu um estudo belíssimo de psicanalistas María Vitória Mamede Maia e Junia de Vilhena; o trabalho, intitulado " Fanatismo, completude e onipotência: o olhar da paixão", aborda o tema com seriedade e delicadeza.
Sob o ponto de vista literário, o soneto é, sem dúvida, uma obra-prima: metáforas ousadas e uma escrita intensa, típica daquela que, em minha opinião, é uma das mais belas vozes poéticas de Portugal.

3 comentários:

Jorge Junior disse...

Lindo isso!!

Ivson Alves disse...

E F�gner musicou.

Marcelo Pereira disse...

isso mesmo...
fagner e zeca baleiro cantaram e gravaram juntos...