domingo, 23 de outubro de 2005

"Tudo que existe conta"

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O título dessa crônica é um verso de Adélia Prado, um verso que expressa uma verdade incontestável: as pessoas e até mesmo as coisas se dizem. O universo inteiro ressoa para aqueles que têm ouvidos para ouvir. Por isso, gosto de contar histórias, assim mesmo, com “his”, porque, de certa forma, tudo é imaginação, sem deixar de ser memória.

O ato de narrar e contar histórias faz parte do imaginário da humanidade. Narramos para espantar os nossos medos, para conhecer o mundo, o outro e a nós mesmos; narramos para preencher nossas vidas. Sempre que falamos sobre nosso cotidiano, nossas experiências, estamos praticando a narração. Contamos a lendas familiares e nos reencontramos, inteiros, na trama das gerações.

Como contadora de histórias, acredito que a narração, para cumprir seu efeito terapêutico, precisa ser construída e pensada como uma mensagem estética capaz de emocionar, de evocar alguma coisa profunda, íntima, dentro de nós, e que somente pode ser alcançada através da linguagem artística.

Os bons contadores sabem disso, portanto, mergulham nos contos até extrair deles toda beleza, todos os sentidos possíveis; não é importante contar muitas histórias, ter um repertório extenso. O importante é apreender a emoção estética do conto. Para isso, temos que mergulhar, saborear - saber com os sentidos as histórias, porque é essa mágica que vai captar a atenção do público, que vai cativar os ouvintes e colaborar para a formação dos futuros leitores. Contar histórias é como alimentar as crianças pequenas. Oferecemos o alimento em porções dosadas e as crianças crescem saudáveis. Oferecemos as histórias e as ajudamos a amadurecer, enfrentar os próprios medos, descobrir a própria mágica, aquela varinha de condão secreta, que, quando nos tornamos adultos, passamos a chamar de auto-estima.

Sandra B.

12 comentários:

XXXX YYYY disse...

Quem conta seus males espanta. Texto perfeito, Sandra.

Sandra Baldessin disse...

obrigada Zé.
beso

Tate Fish disse...

Muitas vezes me pego vivendo histórias que um dia imaginei. Tomara que haja tempo de viver toda minha imaginação. Adorei o texto, principalmente essa frase. Bjo.

AluiZio Derizans disse...

Empatei com o Zé de Abreu!

Um abração procê!

Sandra Baldessin disse...

É verdade, Tate. Eu tb espero ter esse tempo.
Obrigada pelo apreço.
besito

Sandra Baldessin disse...

estou morrendo de saudade de vc, Aluízio, não consigo abrir sua página, porque será?
obrigada pela visita e pelo carinho.
beso

Adair CJ. disse...

o que vc chama de efeito terapêutico do texto, Sandra ?

beijo

Eliana Mora disse...

'tudo que existe conta' - e que conta, oferece amor, encanta, se dá.
Bem falado.

beso

AluiZio Derizans disse...

Por que será?

Vou convidar vc outra vez para meus contatos para ver se assim corrige.

Sandra Baldessin disse...

depois eu vou escrever para vc, sobre isso.

Sandra Baldessin disse...

é verdade, querida. Agradeço sua visita.
besito

Sandra Baldessin disse...

vc me convidou?