sábado, 1 de outubro de 2005

Persona (Bergman, 1966)

Rating:★★★★★
Category:Movies
Genre: Drama
Estou revendo a obra de Ingmar Bergman, o mestre da sublimação da própria dor através da Arte. Persona (1966) é um dos melhores filmes de todos os tempos, considerado a obra-prima de Bergman.
Particularmente, considero um dos filmes mais belos da história do cinema, talvez pelos elementos literários intensamente presentes, pela abordagem metalinguística, pelo grau de estesia que a obra nos provoca.
É um filme bastante liberal e o primeiro no qual trabalha com Liv Ullmann, que viria a tornar-se sua grande musa. O filme conta a história de Alma (Bibi Andersson) a enfermeira incumbida da recuperação psíquica de Elisabet (Liv Ullmann, uma atriz que perdeu a voz durante a exibição do espetáculo Electra. (Não sei se devo dizer que a voz tem uma relação enorme com a nossa potência de vida, mas, enfim, já disse). O seu mutismo foi uma decisão, não fruto de qualquer doença.
Não são poucas as análises acerca do filme,e, a esta altura, é difícil lançar um olhar sobre a obra que não esteja comprometido pelas múltiplas interpretações: ensaio sobre a identidade feminina, história de uma relação lésbica, releitura do mito de Narciso, etc, mas, talvez a única coisa que realmente importe é que Persona é um filme fundamental. Uma leitura da solidão enquanto destino inexorável do homem e a possibilidade de resgate supostamente oferecida pela Arte, pelo Sexo ou pela Religião.
É preciso ver Persona com olhos livres para compreendê-lo em toda sua dimensão trágica, ou melhor, a dimensão trágica (e porque não, absurda) da própria vida. É um filme sobre a dor de descobrirmos o abismo que existe entre o que representamos para os outros e o que somos para nós mesmos, conforme um dos diálogos mais intensos do filme.
Segundo Susan Sontag, que escreveu um ensaio sobre Persona: "para compreender Persona, o espectador deve ultrapassar o ponto de vista psicológico. ... Persona assume uma posição além da psicologia - assim como, num sentido análogo, além do erotismo"

Recomendo enfaticamente.

5 comentários:

Ana Paul disse...

um dos filmes da minha vida!

Sandra Baldessin disse...

maravilha, Ana, já vi que temos algumas coisas em comum: este filme e a paixão por Nazareth Pacheco.
besito

Adair CJ. disse...

Já assisti, Sandra. Mas toda grande obra de arte sempre deve ser vista várias vezes.
Valeu.

bjo

Sandra Baldessin disse...

é verdade, poeta, alguns livros e alguns filmes precisam sempre de releitura.
besito

XXXX YYYY disse...

Essencial, tenho essa obrae em casa e já vi várias vezes.