O velho bordão “ano novo, vida nova” é usado por muitos como um mantra, uma expressão mágica com poderes para reinventar a realidade. Mas, no decorrer de janeiro se descobre que a montanha não se abriu ao grito de abracadabra. O ano não é novo, é velhíssimo (velhaco?), traz na cara falsa as cicatrizes de milênios; a sua voz repete, incessantemente: não há nada de novo debaixo do sol.
Por mais que desejemos, o calendário gregoriano – que fatia o tempo em anos, meses, dias e horas – não rege a experiência, não rege o tempo de que somos feitos. Os escravos do mercado e do consumo querem nos convencer a adorar os relógios e o que eles representam. Mas os poetas, ah, os poetas! Eles insistem que a vida não se submete aos calendários.
Eu sei que as marcas do tempo me habitam. Sei que recomeçar é arte da imprecisão, é fruto da árvore do imprevisto. É o contraponto de viver em estado de fotografia, condenada ao mesmo ângulo, à mesma pose, à segurança da mesmice.
Por isso, não importa a minha idade, sou uma criança de peito, acabo de nascer. Aconchegada ao seio da vida, sou sobrevivente do ano que se acabou, fui replantada em 2013 e tenho a esperança de envelhe(SER).
E vocês, leitores, sobreviveram? Se a resposta for sim, feliz você novo!
3 comentários:
Lindo texto, querida Sandra, como tudo que você escreve, com a sensibilidade que lhe é peculiar. E quantas verdade nas suas palavras! Quero sim, como você, envelhe(SER) nesse ano que acaba de entrar! Um grande beijo da Liliana
Nossa, Sandra, o poeta sabe...
Também quero envelhe(ser).
Perdi o relógio rsrsrs
Bjs
Obrigada pela leitura, queridas Liliana e Eliane!
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