sexta-feira, 25 de março de 2005

Poema de Konstantinos Kavafis

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Esse poema de Kavafis, o poeta que disse que a arte mente sempre e quanto mais mente, mais nos diz a verdade, é um dos meus preferidos. Estou sempre viajando na direção dessa Ítaca interior, quem quiser seguir comigo...

Kavafis nasceu em Alexandria em 1863; a sensibilidade de sua poética garante a ele uma posição irrevogável na tradição literária. Em Kavafis, aprecio o rigor estético, a valorização do helenismo e a cadência do seu versejar, que me sugere uma dança executada no pico de uma montanha muito alta, geograficamente localizada no íntimo do poeta.

Foto: Ítaca; imagem dispoinível em: www.itaca-europe.org


Ítaca (1911)

Quando empreenderes tua viagem para Ítaca
pede que o caminho seja longo,
cheio de aventuras, cheio de experiências.
Não temas os lestrigões nem os ciclopes
nem o colérico Posseídon, pois
jamais encontrarás tais seres em teu caminho,
se teu pensamento é elevado, se seleta
é a emoção que toca teu espírito e teu corpo.
Nem os lestrigões nem os ciclopes
nem o selvagem Posseídon encontrarás,
se não os levares dentro de tua alma,
se tua alma não os ergue diante de ti.

Pede que o caminho seja longo.
Que sejam muitas as manhãs de verão
em que chegares - com que prazer e alegria -
a portos antes nunca vistos.

Detém-te nos empórios da Fenícia
e compra formosas mercadorias,
nácar e coral, âmbar e ébano
e todo tipo de perfumes voluptuosos,
quanto mais perfumes voluptuosos puderes.
Vai a muitas cidades egípcias
para aprender e aprender com seus sábios.

Tem sempre Ítaca em teu pensamento.
Tua chegada lá é teu destino.
Mas nunca apresses a viagem.
Melhor que dure muitos anos
e que atraques, já velho, na ilha,
enriquecido com tudo o que ganhaste no caminho
sem esperar que Ítaca te enriqueça.

Ítaca te brindou tão formosa viagem.
Sem ela não terias empreendido o caminho.
Mas agora nada mais tem a dar-te.

Embora a aches pobre, Ítaca não te enganou.
Assim, sábio como te tornaste, com tanta experiência
já entenderás o que significam as Ítacas.



2 comentários:

Ricardo de Almeida Rocha disse...

já falamos do poema... agora...: que mar... que azul... aiai...

bjo

Sandra Baldessin disse...

feliz com sua visita.
besito